GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS NA INDÚSTRIA GRÁFICA























Cada vez mais temos a consciência de que o planeta precisa que tenhamos atitudes ecologicamente corretas. É sabido que alguns empresários do setor gráfico ainda praticam algumas atitudes antiecológicas, ou seja, não reciclam os resíduos provenientes das atividades diárias de sua gráfica ou birô.


Os últimos anos tem aumentado significativamente a preocupação das empresas com a preservação do meio ambiente, em função de uma série de exigências como cumprimento da legislação, desenvolvimento sustentável, proteção ao mercado interno e consumidores cada vez mais exigentes. As questões ambientais vêm prevalecendo nas estratégias para tomada de decisões no âmbito técnico, tecnológico e industrial. Já existe uma tendência internacional de avaliação do ciclo de vida dos produtos, prevenção da poluição e redução de resíduos na fonte.


Dentro desse contexto, é necessário que as empresas identifiquem os resíduos gerados dentro dos seus processos, qualifique-os quanto ao seu grau de risco e contaminação do meio ambiente, transportando e destinando-os de maneira adequada, quando possível sugerindo opções de reciclagem, diminuição de resíduos gerados, eliminação de desperdícios, documentação do que acontece com os resíduos se eles não forem destinados de maneira correta, estabelecendo uma política de gestão ambiental que garanta uma forma correta de trabalhar e proceder.


Resíduos são os resultados de processos de diversas atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e ainda da varrição pública. Ficam incluídos nessa definição tudo o que resta dos sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou aqueles líquidos que exijam para isso soluções técnicas e economicamente viáveis de acordo com a melhor tecnologia disponível.


Existem basicamente três tipos de resíduos:


1. Emissões atmosféricas- Gases resultantes da queima de óleo e outros combustíveis- Vapores de água, de ácidos e de outras substâncias voláteis


2. Efluentes líquidos- Substâncias dissolvidas em água ou em outros solventes


3. Resíduos sólidos- Embalagens descartadas - Peças defeituosas- Latas de tinta usada- Aparas Esses resíduos são classificados conforme a NBR 10.004 em:


Classe I – Resíduos perigosos: são aqueles que apresentam riscos à saúde pública e ao meio ambiente, exigindo tratamento e disposição especiais em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.


Classe II – Resíduos que não se enquadram nas classes I e III, e que têm propriedades como combustibilidade e biodegrabilidade. São basicamente os resíduos com as características do lixo doméstico.


Classe III — Resíduos inertes: são aqueles que, ao serem submetidos aos testes de solubilização (NBR-10.007), não têm nenhum de seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água.


Gerenciamento de resíduos


Após a determinação dos tipos e classes dos resíduos gerados, a empresa deverá identificá-los e quantificá-los. Além disso, deverá realizar o estudo de aspecto e impacto ambiental, bem como os riscos ocupacionais envolvidos e executar um programa de minimização dos resíduos mais nocivos para o homem e meio ambiente. Para melhor compreensão do gerenciamento de resíduos, a tabela abaixo apresenta exemplos de sua identificação em duas etapas do processo de impressão offset.


Após a identificação e quantificação dos resíduos, pode-se utilizar a seguinte estratégia.


Reduzir o desperdício:- Reutilizar sempre que possível- Reciclar o resíduo produzido e pesquisar alternativas de destinação ecologicamente corretas- Recuperar energia- Disposição em aterro (última opção)


Deve-se também priorizar a redução dos resíduos na fonte, o que pode ser feito de duas maneiras:


Escolha do local de estocagem- O local deve ser escolhido de modo a minimizar ou até evitar impacto ambiental e problemas com a vizinhança.- Locais com riscos de acidentes devem ser descartados (tráfego interno, ocorrência de curtos-circuitos ou fenômenos naturais como chuvas intensas, erosão, inundação, recalques e tremores de terra).


Segregação- Manter separados resíduos que possam reagir entre si, evitando explosões e liberação de calor ou gases tóxicos.- Controlar os materiais estocados identificando o tipo, a procedência, as quantidades e a movimentação.- Registrar os acidentes e tomar providências quanto a vazamentos e danificação de recipientes.


Transportar resíduos para fora da empresa- A empresa geradora deve obter o Cadri – Certificado de Aprovação de Destinação de Resíduo Industrial (emitido pela Cetesb) para poder destinar os seus resíduos.-


A empresa de destinação deve:


- Atender às exigências do órgão ambiental estadual (Cetesb).

- Possuir equipamentos adequados para o transporte. - Utilizar somente locais autorizados pelo referido órgão. - Acondicionar e identificar corretamente os resíduos.


Conclusão


A empresa que se preocupa em gerenciar os resíduos provenientes dos seus processos evita multas de órgãos fiscalizadores. O gerenciamento de resíduos auxilia a empresa a conhecer e controlar melhor todas as etapas do processo, aumentando a produtividade. Além de diminuir significativamente os custos com resíduos, ele ainda gera receita extra com a venda para reciclagem dos materiais, beneficiando indiretamente clientes e funcionários.


Enéias Nunes da Silva é técnico de ensino da Escola Senai Theobaldo de Nigris

Escrito por Carlos Sotelo

Nenhum comentário:

Postar um comentário